Nós cristãos ouvimos desde sempre o famoso termo Reforma Protestante, mas sabemos ao certo o que foi a Reforma Protestante e o que ela significa para a igreja e até, sabemos o que ela impactou na vida dos cristãos e ainda impacta?
O princípio da Reforma Protestante
Partindo do contexto histórico da Europa do século XVI, temos o renascimento sendo conduzido para o seu fim junto com o fim do século e um grande desenvolvimento seguindo de imposição da civilização ocidental. Adotaram-se novas formas e técnicas de negociações e estabeleceu-se como principal doutrina de econômica o Mercantilismo.
Paralelo a isso, a Igreja Católica Apostólica Romana proclamava uma salvação baseada em obras, méritos e que poderia ser adquirida em forma de indulgencias (o perdão de seus pecados), venda de relíquias sagradas (objetos que diziam ser pertencidos a jesus ou sua família ou aos discípulos) e até a venda de cargos eclesiásticos.
Isso tudo gerou uma revolta em um homem chamado Martinho Lutero, um monge alemão que foi responsável pela Reforma Protestante. Lutero vendo as práticas da Igreja Católica e baseando-se nas escrituras e nos estudos e questionamentos de John Wycliffe, começa um movimento que iria revolucionar todo o mundo ocidental e logo todo o planeta.
No dia 31 de outubro de 1517 na cidade de Wittnberg, Lutero prega nas portas da catedral da cidade suas 95 teses dizendo o que a igreja e o papado estão fazendo em relação aos ensinamentos e práticas que são contrárias às Escrituras. Assim então, toda a cidade toma ciência das ações indevidas da igreja e começa de fato a Reforma Protestante.
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As 95 teses de Lutero
Nas teses, Lutero começa dizendo sobre o real arrependimento, o qual somente vale quando o arrependimento interno projeta mudança no externo. Logo, não havendo mudança no meio externo, anula-se o arrependimento interno. Nisso já podemos tomar como ensinamento que o arrependimento genuíno é aquele que gera mudança no interior e principalmente no exterior. Não havendo mudança é somente remorso e não vale em nada. Ele também fala sobre as vendas de indulgências. Lutero condena quem trata as indulgências de forma banal e abençoa os que as valorizam, mas calma, vou explicar o que ele quer dizer com isso.
Quando falamos de indulgências, estamos falando do perdão propriamente dito. As indulgências são o perdão que vem de Deus e é vindo por meio da graça e misericórdia do Pai. Quando Lutero condena os que banalizam as indulgências, ele está condenado os que tratam o perdão Divino como algo comerciável e conquistável por meios financeiros.
“71 Seja excomungado e maldito quem falar contra a verdade das indulgências apostólicas.”
“72 Seja bendito, porém, quem ficar alerta contra a devassidão e licenciosidade das palavras de um pregador de indulgências.”
A Igreja Católica então tem uma reação negativa com a posição e atitude de Lutero e toma a decisão de perseguir Lutero e seus apoiadores trazendo consequências ruins para Lutero. Ele foi excomungado da igreja e por diversas vezes forçado a negar suas teses, mas nunca se curvou diante das opressões sofridas.
Os Solas
Anos depois homens denominados “Reformadores” com o intuito de trazer clareza aos atributos e as visões da Reforma Protestante diante do movimento de contrarreforma no Concílio de Trento, elaboram os pilares da Reforma, os chamados “Cinco Solas”, Sola do latim “somente” que são eles: “Sola Fide” somente a fé, “Sola Scriptura” somente a Escritura, “Solus Christus” somente Cristo, “Sola Gratia” somente a graça e “Soli Deo Gloria” a Deus somente a gloria!
Sola Fide (somente a fé):
Efésios 2:8-9 “Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus.
Não vem das obras, para que ninguém se glorie;”
Esse posicionamento não foi tomado para negar o que Tiago diz a respeito de uma fé que se expressa também por obras, não dizendo que as boas obras não fazem parte da vida cristã mas no versículo 10 nos temos:
“Porque somos feitura sua, criados em Cristo Jesus para as boas obras, as quais Deus preparou para que andássemos nelas.”
Essa proclamação de Sola Fide não nega a importância das obras a respeito da salvação, mas estabelece uma distinção que não somos salvos pelas obras, mas para as obras, isso colocando as obras como parte da vida cristã, mas não como aquilo que nos levará até a salvação.
Romanos 10:17 “Logo a fé vem pelo ouvir, e ouvir a palavra de Deus”
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Sola Scriptura (somente a Escritura):
A palavra de Deus é a nossa única regra de fé e conduta e ela é interpretada por si mesmo independente de qualquer fonte externa e na bíblia está todas as informações necessárias para a nossa vida. A bíblia é concreta, segura, suficiente e é a palavra de Deus! O próprio Cristo prova aos discípulos no caminho de Emaús a sua missão através das Escrituras.
1 coríntios 4:6 “Irmãos, apliquei essas coisas a mim e a Apolo por amor a vocês, para que aprendam de nós o que significa: “Não ultrapassem o que está escrito”.”
Nos trazendo ao lugar de início que é a palavra de Deus, onde nunca deveríamos ter saído. Tomando-a como a nossa única orientação e única regra de fé.
Solus Christus (somente Cristo)
Joao 5:39 “Vós examinais criteriosamente as Escrituras, porque julgais ter nelas a vida eterna, e são elas mesmas que testemunham acerca de mim.”
O próprio Jesus diz aos judeus da época que as Escrituras testemunham sobre quem ele é, e a partir do estudo da palavra de Deus podemos enxergar que a obra de Jesus já estava sendo anunciada desde o velho testamento, trazendo todos os acontecimentos ligados a somente uma pessoa, o próprio Cristo. Existindo então um só mediador entre Deus e os homens, o próprio Deus encarnado, aquele que deixou toda a sua glória para andar no meio de homens, se tornando um de nós para ser punido em nosso lugar para podermos disfrutar de algo que só ele poderia, por amor a nossas vidas, Solus Christus!
1 Timóteo 2:5 “Porque há um só Deus, e um só Mediador entre Deus e os homens, Jesus Cristo homem.”
Sola Gratia (somente a graça)
Efésios 2:8-9 “Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus.
Não vem das obras, para que ninguém se glorie;”
Assim como falamos na primeira Sola, a fé como o acesso à graça de Deus, podemos definir a manifestação da graça de Deus como fator único na salvação. A graça de Deus se recebe pelo ser humano através de um posicionamento de fé e não há salvação fora desses termos. Desenvolveram-se pensamentos referentes ao assunto como os calvinistas e os arminianos. Todavia, todos esses grupos sustentavam a mensagem da Reforma Protestante onde a salvação era somente pela graça, independente como iria se interagir com ela.
Soli Deo Gloria (a Deus somente a glória)
Romanos 11:36 “Porque dele e por ele, e para ele, são todas as coisas; glória, pois, a ele eternamente. Amém.”
Os reformadores acreditavam que nem os santos canonizados pela Igreja Católica, nem os Papas ou quaisquer pessoas do clero mereciam a glória que era dada a Deus, entregando a devida honra a quem merece honra, mas a glória entregando somente a Deus.
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Conclusão
Quando entendemos esses ensinamentos que os reformadores recuperaram, entendemos a importância de vivermos mediante a palavra de Deus e exercitando a todo tempo a fé. Jesus se torna o centro da nossa vida e tudo o que fazemos, planejamos, sonhamos, está alinhado com o coração de Deus. A medida que vamos nos aproximando do centro da vontade de Deus, nos fazemos valer o sacrifício de Jesus por nós. Estamos em constante Reforma para que possamos cada dia mais sermos mais parecidos com Jesus e mostrar ao mundo o verdadeiro evangelho.
Nesse sentido, a Reforma Protestante foi de suma importância tanto para a história, quanto para as nossas vidas. Através dela temos acesso às Escrituras e podemos interpretá-las por nossas próprias óticas. Em todo tempo temos que glorificar a Deus e agradecer a Ele por conduzir e fortalecer os responsáveis por esse marco. Que as nossas atitudes, nosso estilo de vida faça valer o sacrifício de Jesus por nós e o sacrifício daqueles que perderam suas vidas para que hoje, 504 anos depois da popularização da Reforma, pudéssemos conhecer e viver a verdade, que é Jesus e a sua palavra!
João 1:1 “No princípio era a Palavra, e a Palavra estava com Deus, e a Palavra era Deus.”
“Soli Deo Gloria” a Deus toda gloria, para sempre, amém!
Esse artigo foi escrito por Matheus Pontolio.
Matheus é apaixonado por história e a estuda informalmente. Nascido e criado na Igreja Batista, sempre conviveu com a tradição da Reforma Protestante, sabendo a sua importância histórica e a sua repercussão.
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