A Oração do Senhor é encontrada em Mateus 6:9-13 e em Lucas 11: 1–4, onde os discípulos pedem: “Senhor, ensina-nos a orar”. Na ocasião registrada em Mateus, Jesus pregava o que ficou conhecido como “O Sermão do Monte” (Mateus 5–7).
Nesse Sermão, Jesus buscava ensinar princípios que deveriam nortear a vida de seus seguidores em diversas áreas como comportamento, disciplinas espirituais, ansiedade, entre outros.
Jesus faz algumas recomendações acerca da disciplina espiritual da oração, sendo elas:
- Não agir como o hipócrita que quer ser visto como alguém espiritualmente superior, mas buscar a Deus em secreto, onde ficamos livres da visão dos outro;
- Não usar de vãs repetições (repetições vazias e mecânicas como mantras, ou rezas que precisam ser repetidas X vezes, não o repetir das palavras, mas a prolixidade.)
É importante ressaltar que o Senhor não proíbe a oração pública ou a oração comunitária, muito pelo contrário, são fatores importantes para a prática cristã, mas Ele falava em um contexto em que os religiosos esperavam a hora de orar para então se exibirem e se sentirem superiores ao receberem olhares de admiração. Dessa forma, com essas recomendações, o Senhor desejava nos afastar da religiosidade hipócrita e direcionar os nossos olhos para a conduta correta na oração.
A oração do Senhor possui seis pedidos, sendo os três primeiros sobre o Deus Pai e a vinda de seu reino e os três últimos acerca de nossas necessidades humanas.
Apesar de sua forma ser semelhante às orações judaicas da época (como a Aminá), a oração do Pai Nosso foi essencial para a criação da identidade cristã na era primitiva, quando os cristãos ainda frequentavam o templo e eram considerados apenas uma seita judaica, pois com simplicidade revela a fé em um Deus que está próximo e que nos dá a liberdade de chamá-lo Pai.
Entendemos essa passagem não apenas como uma oração a ser repetida, embora possamos fazê-lo desde que com entendimento e fé — “pois não é pelo muito falar” —, mas como um modelo que deve guiar nossas orações pessoais. O intuito de Jesus era ensinar seus discípulos a orar — “Portanto, orai deste modo.” (Mt 6:9).
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Ensina-nos a orar
Invocação
“Pai nosso, que estás nos céus!”
A oração se inicia invocando a Deus Pai, e em sua primeira expressão nos deparamos com uma perspectiva maravilhosa: Deus nos adotou como seus filhos por meio da fé em Cristo Jesus e deseja que o chamemos de Pai. Somos então unidos à sua família celestial, fazemos parte de um corpo, da Igreja. Deus é nosso Pai! Somos tomados por um senso de filiação e comunidade, isso não é incrível?
Essa verdade revoluciona a ideia de que Deus é uma divindade distante e inflexível, uma divindade da qual precisamos de muito esforço e sacrifícios para ter sua atenção. Muito pelo contrário, mesmo no secreto Deus nos vê! Ele é cheio de amor e compaixão pelos seus filhos. Conhece-os pelo nome, sabe de suas necessidades e tudo provê!
Nosso Pai é elevado acima de todos, de seu trono observa todas as coisas e seu poder se estende por toda Criação, pois somente Ele é exaltado.
Tríplice Inicial: Deus, sua vontade e seu Reino
1. Santificado seja o teu nome.
Santificar significa honrar e reverenciar, devemos reconhecer a santidade e grandeza de Deus e oferecer-lhe louvores.
É aqui onde nos rendemos em adoração e louvamos ao Senhor por quem Ele é!
Uma dica: estudar sobre os atributos de Deus pode te ajudar nesse ponto da oração
2. “Venha o Teu Reino”
Jesus nos ensina que o cristão deve ansiar pela manifestação do Reino de Deus na Terra, orar ao Pai para que coloque em nós uma paixão pelo Evangelho e nos faça agentes de seu Reino!
Mais que pedir por um relacionamento mais profundo e um coração obediente, pedimos que todas as pessoas conheçam a Palavra e vejam a soberania de Deus!
Aqui também oramos que Deus seja o Rei em nossos corações, família, trabalho, país, igreja… Que todas as coisas sejam submetidas ao seu poder! Que Ele abençoe e manifeste seu poder em cada uma dessas áreas!
3. “seja feita a tua vontade, assim na terra como no céu.”
Oramos para que a vontade de Deus prevaleça sobre todas as coisas, pois, como Paulo nos diz, ela é “boa, perfeita e agradável” (Romanos 12:2).
Nesse momento reconhecemos que nossos desejos e vontades podem estar desordenados, pedimos que Cristo cresça em nós, e que sejamos menores. Pedimos que nosso coração se alinhe com a vontade de Deus Pai, pois Ele vê muito além de nós!
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Tríplice Final: Nossas necessidades humanas e espirituais.
1. Dá-nos hoje o nosso pão de cada dia.
Quando Deus concede o Maná para seu povo no deserto, Ele lhes ordena: “O povo sairá e recolherá diariamente a porção necessária para aquele dia.” (Ex 16:4) Deus conhece a necessidade de seu povo e deseja que confiem nele, pedindo o necessário para cada dia, seja alimento, sejam necessidades materiais ou espirituais.
Pedimos a Deus que seja nosso provedor, reconhecemos que tudo vem dEle e não da nossa própria força, pois até o vigor de nossos braços é dado por Deus como uma forma de prover o que é necessário.
Esse ponto da oração é radical e poderoso, pois reconhecemos nossas limitações e dependência do Senhor! Reconhecemos que o tempo não está sob nosso controle e que o futuro não nos pertence, por isso oramos para que Deus nos conceda a graça de viver o agora, um dia de cada vez, recebendo de bom grado a provisão e cuidado.
Não precisamos nos preocupar com o futuro, Deus nos dá aquilo que é necessário hoje, enquanto confiamos que Ele já está no futuro e cuidará de nós quando chegarmos lá.
É interessante notar o caráter humilde deste pedido. Jesus nos ensina a pedir por aquilo que precisamos, e não uma vida de ostentação. Ele não nos deixará faltar nada do que necessitamos para cumprir nosso propósito, o foco é o Reino e não nossas vontades.
2. Perdoa as nossas dívidas, assim como perdoamos aos nossos devedores.
Se o primeiro pedido já é desafiador, quanto mais o segundo que nos faz reconhecer que somos pecadores, buscar arrependimento e nos humilharmos diante do Senhor.
Esse é o momento em que confessamos nossos pecados e pedimos pelo perdão maravilhoso do Pai!
Assim, se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para perdoar os nossos pecados e nos purificar de toda injustiça.
1 João 1:9
A segunda parte do pedido é radical: perdoa nossos pecados como perdoamos quem peca contra nós!
É momento de refletir se temos sido perdoadores, liberar perdão para quem nos ofendeu e pedir a Deus por um coração disposto a perdoar. “Perdoem como o Senhor lhes perdoou.” Colossenses 3:13
“E, quando estiverem orando, se tiverem algo contra alguém, perdoem-no, para que também o Pai celestial perdoe os seus pecados. Mas, se vocês não perdoarem, também o seu Pai que está nos céus não perdoará os seus pecados”. Marcos 11:25-26
Aquele que muito foi perdoado, muito perdoa!
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3. E não nos deixes cair em tentação, mas livra-nos do mal.
A Última petição tem a ver com as batalhas da vida cristã! Não podemos vencer os desejos da carne se não estivermos cheios do poder do Espírito e da graça de Deus.
Ore por fortalecimento e maturidade, peça a Deus que te ensine a andar no Espírito. Confesse as áreas de dificuldade e peça que o Senhor esteja contigo e não permita que você caia!
Ore também por livramento do pecado e dos perigos da vida.
Conclusão
“Teu é o Reino, o Poder, e a glória eternamente, amém. “
Concluímos a nossa oração com uma breve doxologia, tendo consciência de que apenas o Pai consegue ouvir e atender nossas orações, pois ele é todo-poderoso e tudo pertence a Ele.
Depositamos nEle nossa fé e confiamos em sua bondade ao reconhecermos sua soberania.
“Louve a Deus porque Ele é Rei, louve a Deus porque Ele é glorioso e poderoso para fazer tudo muito mais abundantemente além daquilo que pedimos ou pensamos”. (Ef 3:20)
“Antes que os montes nascessem, ou que tu formasses a terra e o mundo, mesmo de eternidade a eternidade, tu és Deus.” Sl 90:2
O Pai Nosso deve moldar nosso momento de oração diário. É através dessa disciplina que crescemos em maturidade e intimidade com Deus Pai! Desse modo, ore com entendimento e amor!
Deus tem prazer em se relacionar conosco, e mesmo sabendo de todas as coisas, Ele deseja que recorramos a Ele e o digamos nossas necessidades e ansiedades.
Que o Pai te abençoe e te faça crescer em fé e conhecimento de quem Ele é! Que você seja uma pessoa de oração e cheia do Espírito Santo!
“Peçam, e será dado; busquem, e encontrarão; batam, e a porta será aberta. Pois, todo o que pede recebe; o que busca encontra; e àquele que bate, a porta será aberta”. Mateus 7:7-8
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Júlia Fávari
Vida cristã, feminilidade e teologia.
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